1755 | Moonspell

A 1 de novembro de 1755, dia de todos os santos, houve em Lisboa um grande terramoto seguido de vários focos de incêndio e que culminou com um tsunami. Este conjunto de desgraças ceifou a vida a cerca de 90 mil pessoas e deixou a cidade de Lisboa praticamente destruída e a necessitar de uma reconstrução que acabou por produzir alterações, quer ao nível das infraestruturas, quer aos níveis cultural e intelectual...

Alegoria ao terramoto de 1755, , João Glama Strobërle

Em 2017 os Moonspell editam um álbum alusivo à data.

Tenho seguido os Moonspell de forma irregular e a verdade é que nem sequer tenho todos os álbuns da banda, mas este, talvez devido ao tema, despertou-me a curiosidade. Em boa hora isso aconteceu. O álbum está fabuloso!


Os Moonspell conseguiram produzir um álbum que, quer do ponto de vista poético-filosófico, quer do ponto de vista instrumental, está mesmo, mesmo interessante.
Por um lado traz-nos uma reflexão filosófica sobre a existência de Deus: um dos argumentos tradicionalmente usados por quem pensa a existência de um Deus omnipotente e sumamente bom é precisamente a existência do mal natural, ou seja, se Deus existe, pode tudo e é bom, como pode permitir a existência de catástrofes naturais que dizimam milhares de inocentes? O terramoto de 1755 é a desculpa ideal para refletir sobre esta questão. Afinal de contas, houve igrejas importantes completamente destruídas juntamente com quem lá rezava no momento.
Por outro lado o álbum faz um excelente trabalho na transmissão do que seria o espírito da época. Em 1755 vemos os argumentos usados para justificar o Desastre, vemos o sentimento de raiva e impotência perante o sucedido, vemos a demonstração da força da natureza, e até vemos a força e a luz ao fundo do túnel associados à reconstrução da cidade.

1755, Moonspell, Cd cover

Olhando para algumas músicas do álbum e para a cidade em 1755 (opinião e interpretação livres, claro):
Em nome do Medo
O clima vivido é de Medo. Se antes do terramoto se vivia um medo intenso da Inquisição e dos autos de fé constantes por toda a cidade, após o terramoto vivia-se diariamente com o pavor de que a desgraça se repetisse (fizeram-se sentir mais de 250 réplicas nos 5 ou 6 meses seguintes). O medo ainda é aumentado pelas forças anti-saque criadas pelo Marquês de Pombal: um juiz, um padre e um carrasco patrulhavam as ruas. Quem fosse apanhado a roubar tinha como destino a forca!
1755
Uma música que nos devolve o sentimento de impotência sentido perante a força avassaladora da natureza, esta força que "não, não deixará pedra sobre pedra, não, não deixará ninguém sobre a terra".
In tremor Dei
"Lisboa em chamas caída, tremendo sem Deus"
Numa simples frase, temos sintetizado o sentimento do abandono divino vivido pela generalidade da população lisboeta.
Desastre
"és apenas um homem, um escravo de Deus, autor do desastre que aconteceu - culpado". Após o terramoto, houve obviamente um aproveitamento religioso e político. Uma das causas apontadas para o facto de ter havido um terramoto era este ter sido um castigo divino por não terem contribuído devidamente para os cofres religiosos... Se não passassem a contribuir, Deus poderia voltar a castigar!... E eis que temos o Medo de volta!
Aqui, no entanto, tenho dúvidas quanto ao sujeito da frase. Também podemos ler que o autor do desastre é Deus e tu és apenas um homem, um escravo que nada pode contra a Sua vontade...
Evento
"a fé não serve de nada, que é feito do Deus que nos amava?"
"a fé não serve, não serve de nada. Onde está Ele, que por nós olhava?"
"sossega-te, é o fim. E fica quieto porque Deus assim quis"
A letra fala por si. Como pode Deus existir e deixar que os seus fieis morram soterrados nos escombros de uma igreja? A resposta: Deus assim quis! Agora sossega.
1 de novembro
"nasce a nova Lisboa no 1º de novembro"
Na verdade o terramoto representou uma oportunidade para refazer a cidade. Aqui entrou o planeamento do Marquês de Pombal. Felizmente esta reconstrução fez-se também de ideias e Portugal começou a preparar-se para as ideias iluministas [será que elas chegaram mesmo cá?].
Ruinas
"(...) não temas a cinza no ar, os escombros da terra, o fogo que inunda, a água que queima, a cinza no ar (...)"
Todos os santos
"Apesar da matança dos corpos caídos que decoram as colinas faz dia em Portugal"
A nota positiva de que é hora de voltar levantar a cidade e o país.
"Todos os santos não chegaram"
Uma desgraça que chega no dia de todos os santos e que nem todos os santos juntos foram suficientes para evitar... E apesar disso, fará dia em Portugal!

A ajudar a tudo isto, a banda preparou uma série de 3 concertos de apresentação do álbum com todo o rigor e a dramatização que o tema merece. 
Parabéns aos Moonspell!


eutanásia(s) & falácias

Falácia da bola de neve (ou da derrapagem)
Nesta falácia, a pessoa ataca o argumento contrário ao seu extraindo consequências dele e consequências das consequências, até chegar a uma última consequência inaceitável (que não resulta necessariamente do argumento). Algo do género: se permitirmos A, a seguir vai acontecer B e B vai levar a C, e C a D, e D a F, o que é uma catástrofe, pelo que não devemos permitir A, se não queremos (o inevitável e catastrófico) F.
A respeito da discussão sobre a eutanásia, tenho assistido a várias utilizações de falácias da bola de neve: "se legalizarmos a eutanásia isso vai acabar por dar ao Estado o poder de matar quem quiser ou quem for considerado descartável".

Sobre a eutanásia
Fazem-me muita confusão as intromissões na vida e nas decisões do indivíduo. Dito isto, quando advogo a proibição de algo, estou a impor ao outro a minha visão da vida e uma tabela valorativa; estou a dizer-lhe que ele está proibido de agir de certa forma porque eu acho isso errado. 

Ora fazem-me confusão as intromissões na vida e nas decisões do indivíduo porque em sociedade, normalmente, estas intromissões servem para garantir que não violamos a esfera de liberdade do outro. Por outras palavras, se o Estado se intromete na minha vida, que seja para aumentar a minha segurança e não apenas para me impor a ideia de moralidade de um dos muitos grupos de membros dessa sociedade (sim, eu sei que o Trump também diz que o que está a fazer é uma forma de melhorar a segurança dos americanos, eu sei).
Neste sentido parece-me que a proibição da eutanásia representa uma discriminação, pois impõe-se a proibição do suicídio a um grupo de cidadãos que não tem condições físicas para o fazer sozinho, por muito que queira, enquanto os restantes podem fazê-lo à vontade. E que não venham dizer-me que um tetraplégico pode sempre suicidar-se deixando de comer - isto equivale a dizer que se a pessoa quiser suicidar-se terá de o fazer aumentando exponencialmente o seu sofrimento, o que não me parece uma opção.
Assim estamos a dizer ao indivíduo que, porque NÓS achamos que a eutanásia é uma má ideia (ou que o suicídio é uma má ideia), OS OUTROS devem ser proibidos de o fazer.

Para evitar quem gosta de usar falácias da bola de neve, sou obrigado a dizer o óbvio: claro que o que disse não implica que devemos criar uma lei de acordo com a qual a eutanásia passa a ser legal só porque ao médico responsável apetece. Obviamente têm de ser garantidas algumas condições, como por exemplo a necessidade de haver prova documental de que aquele era efetivamente o desejo da pessoa, ou a salvaguarda de que a pessoa não é "empurrada" para a eutanásia como medida economicista de um hospital que precisa de libertar aquela cama...
Para evitar quem possa considerar que sou um promotor de suicídios em massa (tipo Charles Manson ou assim), sou obrigado a dizer o óbvio: não estou aqui a dizer que o suicídio é algo bom e desejável em si mesmo, nem a advogar o suicídio assistido. Obviamente acho que a vida é aquilo que tenho de mais valor. A questão é que não me permito impor esta minha visão aos outros.

homenagem a Carlos Avilez

Esta noite assisti a algo especial. Os alunos da Escola Profissional de Teatro de Cascais decidiram homenagear o seu mestre, aquele que em 1992 fundou a escola e um nome incontornável no universo do teatro: Carlos Avilez. O mote para uma homenagem-mais-que-merecida foram os 60 anos de carreira, acompanhados pela comemoração dos 50 anos do Teatro Experimental de Cascais. 

Ouvi um dia alguém dizer que se amarmos o que fazemos, as coisas sairão bem… Rapidamente percebi que isso não é verdade. Amar não chega! Saber o que fazemos é igualmente importante e sem competência o amor acaba por não trazer os frutos que queríamos… Pois bem, Carlos Avilez está longe de ser uma “pessoa qualquer”. Carlos Avilez alia amor e competência como poucos! 

Dotado de um enorme e incontestável talento, o "professor" Carlos tem vindo a dirigir atores de uma forma exemplar. Tem encenado peças fabulosas e, principalmente, tem feito ao mundo o favor de partilhar a sua arte com várias gerações de atrizes e atores que com ele têm a sorte de poder aprender. Sim, o favor. Ele faz-nos esse favor, nós agradecemos! Pela minha parte, que considero que o aplauso é uma forma de o público dizer “obrigado” pelos momentos que lhe foram proporcionados, agradeço!

Não sou ator. Sou júnior neste universo. Mas no (ainda) pouco tempo que passei perto desta figura ímpar que é o Carlos Avilez, há coisas que me têm saltado à vista: a sua competência e extraordinário conhecimento do palco, e o seu amor pela encenação e formação de novos atores.

Esta noite disseram que o Carlos Avilez tem o dom de conseguir trazer luz ao que cada ator tem de melhor, sempre respeitando o seu espaço de criação artística. Se este não é o melhor elogio que um professor pode receber, não sei qual será! Ser capaz de contribuir para a realização do potencial de cada aluno, resistindo à tentação de o formatar ou restringir a sua liberdade criativa, é (ou devia ser) a razão de ser da profissão de professor. 

Esta noite disseram que o Carlos Avilez deixa em cada (futuro) ator, ou (futuro) encenador, ou (futuro) quem-quer-que-seja-que-trabalhe-consigo, uma marca indelével que inevitavelmente faz deles melhores seres humanos.

Esta noite disseram que o Carlos Avilez entregou ao teatro uma paixão extraordinária que lhe permitiu, como só os bons conseguem, manter viva a vontade de aprender ensinando e ensinar aprendendo. Sem sobrancerias e com a humildade característica do sábio, que insiste em continuar a sua travessia no mar do conhecimento sem se deixar afetar pelo medo de arregaçar as mangas e remar. 

Esta noite disseram, os alunos e o próprio Carlos disseram, que Carlos Avilez teve o privilégio de aprender o melhor com os melhores. E disseram ainda, os alunos disseram (e mostraram), que sentiam na pele a importância e o privilégio de trabalhar e ser ensinados por um dos melhores.

Esta noite disseram muitas coisas.

E o melhor de tudo
é que o que disseram é verdade!

Muitos parabéns Carlos Avilez! Muito obrigado Carlos Avilez!

ah e tal, que odeio o Halloween

Há uma série de gente que odeia o Halloween porque se trata de uma tradição importada. Eu não.

Sinceramente não vejo mal nas tradições importadas. Sempre fomos campeões a importar. Copiamos, perdão, importamos músicas, importamos modelos de programas de tv, importamos séries e novelas, importamos bandas musicais… Até tentamos importar modelos educativos (aparentemente aqui não temos tido muito sucesso)!

Também importámos o carnaval-com-samba; importámos o Pai Natal, importámos os ovos da páscoa (a cena de haver um coelho que põe ovos sempre me soou a sado-maso ou assim…), Enfim, importámos!

Há uns dias li numa rede social qualquer que o Halloween tem tanto de tradição em Portugal como o cozido à portuguesa acompanhado de tinto alentejano tem nos EUA. Sim, é verdade, os americanos ainda não descobriram o cozido nem a feijoada à transmontana, mas é bom que quem diz isto nunca tenha mamado um Big Mac com Flurry de M&M’s à sobremesa!

Deixemo-nos de tretas. Somos um país de imitadores. A generalidade dos programas que vemos na TV são comprados a outras estações. O Shakespeare deve estar fartinho de dar triplos-mortais-encarpados-à-retaguarda na tumba, de cada vez que uma novela portuguesa (re)cria mais uma vez a história dos dois jovens apaixonados oriundos de famílias rivais!

Agora o Halloween é que paga?

Atenção, eu também acho esta cena da mania-que-somos-todos-mortos-vivos, bruxas e vampiros uma parvoíce pegada. Isso e estragar abóboras-que-davam-uma-bela-compota… Mas eu não odeio o Halloween por ser uma festa pagã importada. Estou-me nas tintas para isso!

Eu odeio o Halloween porque o Halloween é parvo. Assim como o Carnaval (com ou sem samba) é parvo – exceção feita à cena dos cabeçudos de Torres Vedras, porque é um dos meus sonhos de criança usar uma coisa daquelas – e assim como a ideia de haver um coelho que põe ovos na páscoa é parva. São coisas parvas, porque são coisas parvas (belo argumento)!

O argumento não é bom, mas desde quando é preciso um bom argumento para dizer que é parvo andarmos todos armados em vampiros, mortos-vivos, bruxas, matrafonas, moças-que-sambam-com-chuva, ou pessoas-que-comem-ovos-de-chocolate-postos-por-coelhos? Isso é parvo. Ponto.

futurologia(s)

PPC foi indigitado primeiro-ministro, apesar de toda a celeuma e dos “partidos-à-esquerda” andarem a falar (ou a tratar) de “acordos de governação”.
Agora há quem diga que a indigitação de PPC não passa de uma perda de tempo porque o governo não passará o crivo do parlamento, já que a oposição repudiará em massa o que vier da PàF.
Assim de repente, lembro-me de um orçamento que ficou conhecido como o “orçamento do queijo limiano”, aprovado por uma minoria parlamentar e mais um, o deputado Daniel Campelo, que trocou o seu voto pela promessa de alguns benefícios para a região de Ponte de Lima. Parece-me agora bem plausível que o mesmo venha a acontecer e que o governo da PàF siga em frente e continue a fazê-lo ao longo da legislatura, negociando votos aqui e ali e conseguindo aprovações de queijo em queijo... 

Infelizmente, nos dias que correm já é difícil não acreditar que há políticos que se vendem ou eu vendem os seus votos troca por um qualquer benefício! 
É que nisto da política, como no futebol, a fruta e os almoços têm uma grande tendência para ser “quem mais ordena”…

exame com capacidade-dignificante

Sou professor de Filosofia e de Psicologia. Ao longo da minha vida académica realizei cerca de 404 exames, testes ou trabalhos. Depois do curso de Filosofia, realizei um estágio profissional no qual muitas das aulas que lecionei foram assistidas, os materiais que desenvolvi foram avaliados e ao mesmo tempo frequentava cadeiras como Didática da Filosofia, Teoria e Prática da Educação ou Psicologia do Processo Educativo, entre outras (também avaliadas por meio de exames e apresentações de trabalhos).

Enquanto professor, tive várias vezes colegas a assistir às minhas aulas (hábito que considero saudável), aos quais sempre pedi apreciações críticas, pois entendo que ajudam a que me torne cada vez melhor professor.

Feliz ou infelizmente, após cerca de 404 exames realizados, ainda há muita coisa que não compreendo. Uma delas é a lógica de Nuno Crato! Aparentemente, de acordo com este ministro, a realização de um exame vem “dignificar os professores” e contribuir para “selecionar” os melhores.
Sinceramente faz-me muita confusão este tipo de raciocínio de acordo com o qual a realização de exames é a panaceia para os problemas do sistema educativo português. Faz-me muita confusão que me digam que, depois de ter respondido a cerca de 404 exames, seja este o que vai dignificar-me enquanto docente (parece-me mais que, se este é que dignifica, então os outros devem ter padecido de um qualquer problema, que impediu que tivessem capacidade-dignificante – mas se assim é, deveriam ter-me dispensado de os realizar!).

E depois olha-se para o exame realizado em dezembro passado… 
Olha-se para o exame e percebe-se que, nem em termos formais, nem em termos de conteúdo o exame reúne condições que lhe permitam fazer uma avaliação adequada dos docentes. MAS aparentemente tem maior capacidade-dignificante que o estágio e todos os outros exames que até agora realizei… 

Pela lógica, isto deve significar que o exame foi elaborado por deuses-da-pedagogia de modo a avaliar até o que não pode ser avaliado por um exame… Mas não foi! Do exame de dezembro, por exemplo, constavam questões sobre o refeitório e o transporte de alunos. Ora obviamente para o ministro Nuno é isto que define um bom professor: o seu conhecimento relativo aos refeitórios e ao transporte dos alunos!

Será que se impuséssemos um exame de competências ministeriais as coisas estariam melhor?

Post Scriptum: não sou avesso à avaliação docente. Sou avesso a esta avaliação docente e à ideia de que os exames são a panaceia para o estado da educação em Portugal!

Post Scriptum 2: sim, pertenço ao grupo de docentes dispensados de fazer a prova, o que obviamente não belisca a indignação que sinto perante a alarvidade!

a jsd e a co-adoção

Não sei porquê, mas não consigo deixar de associar a claque do partido social democrata a este refrão:
...
"Afraid of what you'd find
If you took a look inside
I'm not just deaf and dumb
Staring at the sun
Not the only one
Who's happy to go blind"
U2 - Staring at the Sun



E logo, logo a seguir, vem-me à memória um outro refrão:

"put an end to yourself
and you'll be closer
closer"
De/Vision - Heart-shaped Tumor


Que associações estranhas que o meu cérebro anda a fazer...


O P.R. e o elixir da eterna juventude

Ontem o senhor P.R. falou.
O senhor P.R. falou e o país parou para o ouvir, como se ainda houvesse uma vaga esperança de que alguma coisa fosse mudar… Confesso que também parei, apesar de saber que nada ia mudar, parei para ouvir e ver o senhor P.R. dizer, com pompa e circunstância…
Nada!

Pois é, o que o senhor P.R. disse foi basicamente um grande saco cheio de nada rematado com um não vou abdicar dos meus direitos! Pois, novidade das novidades, eu também não vou abdicar dos meus direitos. Aliás, acho que qualquer cidadão poderia dizer o mesmo, com mais ou menos significado político.
Dir-me-ão que o “não abdicar dos seus direitos” é um recado, como se o senhor P.R. estivesse a dizer que vai estar atento… Pois, mas supostamente ele tem de estar atento. Sempre! Por isso foi eleito! Responder-me-ão que este “não abdicar dos seus direitos” significa mais ou menos o mesmo que quando o árbitro de futebol diz a um jogador “mais uma e vais prá rua” (como se as regras do futebol permitissem dar um certo número de pantufadas antes de ser castigado)…

Pois, por mim não me importava que um polícia, que me apanhasse a cometer uma qualquer infração, me dissesse “mais uma e és multado”. Ou que me deixassem não pagar a conta da luz durante uns meses e depois me dissessem, “mais um mês e cortamos-te a luz”… Mas adiante, que não estamos aqui para invejar o tratamento dado aos outros senhores.
Voltando ao discurso do senhor P.R. (como se tivesse deixado de falar dele), não consegui evitar que me viesse à memória, durante o discurso ao país, o seguinte excerto:
“o elixir da eterna juventude
Esse que quer que tudo mude
Pra que tudo fique igual”
A música é de Sérgio Godinho e continua, mas achei melhor não reproduzir o resto aqui... Embora não seja um fã de Sérgio Godinho (gosto mas não sou daqueles que arranca os cabelos à sua passagem), desde que vi e ouvi o discurso do senhor P.R. na televisão, o Elixir da Eterna Juventude não me sai da cabeça… É que dá mesmo a sensação que nas últimas semanas tudo mudou, para tudo ficar igual
Agora apetece citar o resto da música e referir estado da nossa democracia:
“estava marado,
Falsificado,
É desleal”.

E atenção que não quero com isto dizer que gostava que viesse aí uma mudança de governo (sinceramente, acho que ainda me sentiria menos seguro), ou que o senhor P.R. dissesse algo como “rebenta a bolha”… Só não era preciso andarmos aqui para trás e para diante a brincar aos políticos-muito-convictos (ou ao eu-estou-mais-preocupado-com-o-país-do-que-tu) quando já sabemos que o resultado vai ser…
Nada!

mi(ni)stério de educação e ciência - quem prejudica quem?

Um dos argumentos que tenho ouvido/lido sobre a greve dos professores é o de que os professores não querem ser iguais aos restantes funcionários públicos. Porque têm todos a mania que eles são portugueses de primeira e os restantes funcionários públicos são portugueses de segunda… Enfim!

A resposta a este argumento parece-me tão óbvia que me aborrece escrever sobre isto, mas, ainda assim, aqui vai: de facto os professores são diferentes dos outros funcionários públicos! E este “são diferentes” não significa que a generalidade da classe se considere superior, nada disso. Este “são diferentes” significa que as restantes pessoas têm, normalmente, a possibilidade de efetivar os seus contratos (deixando de trabalhar com contrato a termo) volvidos 3 (três) anos a trabalhar para a mesma entidade patronal. Os professores, por seu lado, são contratados e recontratados pela mesma entidade patronal (MEC) durante décadas, sem sequer vislumbrar a possibilidade de passar a ter um contrato efetivo!

Mas as diferenças em relação aos restantes funcionários públicos não se ficam por aqui. Na generalidade dos casos, os funcionários públicos laboram de acordo com o horário do seu local de trabalho (normalmente das 9h00m até às 17h00m) e quando terminam o seu horário de trabalho seguem para casa e para as suas famílias. Com os professores isto não acontece. Pessoalmente cito sempre o caso de um amigo que, muitas vezes, me convida para ir até uma esplanada nos feriados e fins de semana e recebe quase sempre a resposta “não posso, tenho testes/trabalhos para corrigir”. A dada altura este amigo soltou um “mas tu estás sempre a corrigir testes? Não fazes mais nada?”, como se insinuasse que eu não tinha vontade de sair com os amigos… Pois é, estou! É que o horário dos professores também não é bem o mesmo que o dos restantes funcionários públicos!

E aqui não falo ainda (ou sequer) das restantes condicionantes associadas ao trabalho de um professor. E também não vou começar a explicar a relevância que têm na qualidade do ensino no país:
  • o aumento do número de alunos por turma; 
  • o regime de mobilidade especial que acaba no despedimento de uma série de professores (o senhor ministro diz que isto não vai acontecer, mas eu estranho que seja preciso legislar uma coisa que não vai acontecer);
  • o retirar a direção de turma da componente letiva (que também acaba no despedimento de mais alguns professores);
  • o aumento da carga horária semanal, quando a generalidade dos professores oferece (literalmente) uma série de horas de trabalho semanal ao Estado, sem cobrar por isso, aos fins de semana, à noite, aos feriados…

E ainda só enumerei 4 (quatro) aspetos!...


Outro argumento que tem saído da boca do senhor ministro é o de que a greve prejudica os alunos, ou que, ao fazer greve num dia de exame, os professores prejudicam os alunos.
Também aqui conviria ao senhor ministro evitar o raciocínio falacioso e ofensivo, que compara os professores a terroristas. Ao dizer que, caso cedesse neste caso e alterasse a data do exame para daqui a três dias, estaria a abrir um perigoso precedente, o senhor ministro está a partir do princípio que os professores são como os terroristas que, uma vez negociada a vida de um refém, passarão a raptar muito mais pessoas. Não é disso que se trata, senhor ministro, é da defesa de um melhor sistema de ensino. As pessoas não decidem fazer greve só por embirração consigo… O senhor não é assim tão importante!

Na minha opinião, aquilo que verdadeiramente está a prejudicar os alunos é a inflexibilidade do senhor ministro. A inflexibilidade do senhor ministro acabou por desembocar numa tremenda injustiça: na generalidade das escolas, os alunos cujos nomes começam com as primeiras letras do alfabeto fizeram exame, e aqueles que têm o azar de ter um nome começado por R ou V farão o exame mais tarde. A minha questão em relação a isto é: será que o senhor ministro não se apercebeu que a razão de todos os alunos fazerem exame no mesmo dia é todos responderem a uma prova com o mesmo grau de dificuldade, ou melhor, é todos responderem à mesma prova, evitando a amarga sensação de "a prova dele foi mais fácil que a minha"? Será que o senhor ministro não sabe que não há forma de garantir que a prova que virá a ser realizada tenha exatamente o mesmo nível de dificuldade da prova hoje realizada?

Neste aspeto parece-me insensato sacudir a água do capote e dizer “os professores estão a prejudicar os alunos e as famílias” quando a maior injustiça é criada pela má gestão de todo este processo por parte do senhor ministro.

Entretanto, enquanto escrevia estas linhas, o exame foi realizado numas escolas e noutras não. Com alguns alunos e com outros não.
O senhor ministro, em conferência de imprensa, disse que os alunos que não fizeram exame hoje não sairão prejudicados porque realizarão uma prova com o mesmo nível de dificuldade… Apetece-me perguntar: “em que planeta é que este senhor vive?” e “será que este senhor acredita no pai natal?”
É que não existem provas sobre as quais possamos dizer que têm o mesmo nível de dificuldade, a menos que estejamos a falar da mesma prova! Podemos falar de provas que, de um ponto de vista formal, apresentam um nível de dificuldade equivalente, mas isto não significa que as provas tenham o mesmo nível de dificuldade. Que o digam os alunos que fizeram a prova hoje e venham a achar o exame de julho mais fácil, ou os que não fizeram exame hoje e venham a considerar o de julho mais difícil!

De qualquer modo, que esperávamos nós? Afinal os professores não interessam nada, assim como os alunos não interessam nada! Não tarda estão a começar a dizer-nos que também há alunos a mais...

falatório(s)

Parece que a malta se indignou com uma tal "pipoca mais doce" que comentava os óscares (essa cerimónia tão importante), ou melhor, a roupa que as pessoas levavam vestida para os óscares (uma coisa ainda mais importante).

Parece que a malta se indignou porque a "pipoca" (com um nome destes...) gozou com a roupa de uma moça portuguesa que sofre de uma doença grave e foi assistir à cerimónia.

Tenho alguma dificuldade em perceber!

É que tenho dificuldade em perceber onde raios vai a "pipoca" buscar leitores. Eu, inocente que sou, não sabia da existência da moça até ontem... E agora sei porque achei estranha a notícia do Inimigo Público e fui ver de onde eles tinham tirado aquilo.

Aqui vai um pouco de falatório sobre a "pipoca mais doce", os seus leitores e os indignados.
A "pipoca mais doce" é uma rapariga que vive no (e do) frenesim da novidade. O blogue da moça vive na onda do novo pelo novo e da distração em relação ao que nos deveria aproximar de nós próprios.

Trata-se de falatório (no sentido heideggeriano)! O falatório é aquele discurso que é feito no geral e representa uma distração em relação ao fundamental: a reflexão sobre a verdade do ser.
Sim, isto dito assim parece um bocado abstrato, mas a ideia é mais ou menos esta: não somos o que usamos, não somos os objetos que possuimos (ou que nos possuem), não somos a imagem física do nosso corpinho... Nenhuma destas coisas é verdadeiramente parte daquilo que é essencial no ser (pre-sença - ou dasein).

Eu quero lá saber se a sra-não-sei-quantas levava um vestido dior ou zara ou o raio que a parta... Eu nem sei quem é a sra-não sei-quantas!...

Perdemos tanto tempo a olhar para estas coisas que às vezes parece que nos esquecemos de existir!

"A crescente ausência-de-pensamentos assenta num processo que corrói o âmago mais profundo do ser humano atual: o homem atual «está em fuga de pensamento». Esta fuga-aos-pensamentos é a razão da ausência-de-pensamentos"
Heidegger, M. Serenidade

(e pronto, já terminei o meu falatório sobre o falatório)

mood


"See me falling, down and lonely
Are the angels on their way, I'm in the dirt
Hear me screaming, see me bleeding
'Cause the days are no more the same"

embebedai-vos

"Deve estar-se sempre bêbado. Nada mais conta. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que esmaga os vossos ombros e vos faz pender para a terra, deveis embebedar-vos sem tréguas.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha. Mas embebedai-vos.
E se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na erva verde de uma vala, na solidão baça do vosso quarto, acordais, já diminuída ou desaparecida a bebedeira, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, a ave, o relógio, vos responderão: «São horas de vos embebedardes! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embebedai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha.»"
Baudelaire, Petits Poèmes en Prose, 1869

Estado vs Estado – a birra de VGM

Há alturas em que as birras são aceitáveis.
As crianças fazem birras, todos o sabem. E, embora pessoalmente sempre tenha sentido uma certa dificuldade em lidar com as mesmas, a verdade é que têm um certo direito a elas.
Fazem birra porque lhes é necessária uma certa atenção por parte dos pais; fazem birra porque se sentem injustiçadas; fazem birra porque querem ver os seus caprichos satisfeitos… Enfim, fazem birras e (com conta, peso e medida) têm direito a isso. Afinal de contas, são crianças!

Há alturas em que as birras não são aceitáveis.
Os adultos também fazem birras. E fazem beicinho. E amuam.
Nos adultos temos mais dificuldade em aceitar as birras. Esperamos deles uma forma de racionalidade diferente… Esperamos deles mais… Racionalidade!


Vem tudo isto a propósito de uma notícia de acordo com a qual Vasco Graça Moura terá dado ordem aos serviços do Centro Cultural de Belém (CCB) para não aplicarem o Acordo Ortográfico (de 1990 – continua a fazer-me uma certa confusão esta insistência em designar o Acordo como novo Acordo Ortográfico, quando foi assinado há mais de 21 anos).

Claro que podemos pensar: 
“Ah, e tal, ele sempre foi avesso ao Acordo Ortográfico” (de 1990, insisto)…

Mas a grande questão aqui nem sequer é se concordamos ou não com o famigerado (des)Acordo.  A grande questão aqui prende-se com a (i)legalidade ou (in)justiça desta birra de Vasco Graça Moura.
Pela minha parte, não me passaria pela cabeça aceitar trabalhar para uma qualquer entidade e depois recusar-me a cumprir as diretrizes adotadas antes da minha entrada. Se não concordo com o que fazem e me vou recusar a cumprir, não é honesto que aceite o emprego...
E essa deveria ter sido a postura de Vasco Graça Moura. Outra coisa não seria espectável. Se aceito vincular-me a determinada entidade, então assumo que não estou em choque com a política adotada por essa entidade.

Dirão alguns:
“Ah e tal que ele é que é o presidente, por isso toma as medidas que quiser.”

Não é bem assim. A entidade que aqui está em causa não é o CCB, mas o Estado português (pois foi pelo governo português que Vasco Graça Moura foi nomeado), e parece no mínimo estranho que uns organismos do Estado tenham sido induzidos a redigir, a partir deste ano (21 anos depois da assinatura do acordo, não me canso de referir) ao abrigo do Acordo Ortográfico (de 1990, volto a insistir), e outras não, por birra de alguém que aceitou o cargo depois de saber que essa regra estava imposta.

Fica no ar uma sensação de luta de Estado vs Estado...

mediocrity

"mediocrity is were most people live"



Quanto mais navego nesta coisa do 'mundo virtual', mais se torna absoluta a certeza de que a generalidade das pessoas está enfiada na mediocridade!
E o melhor: enfiados na mediocridade convencidos de que são realmente bons... A estrela deste filme que é a vida; o centro de um universo onde o geocentrismo foi posto de lado apenas para dar lugar ao egocentrismo!



Um amigo meu dizia, num tom semijocoso: 'as pessoas são estúpidas'...


Este amigo, num belo dia de verão, depois de uma pescaria de chocos e perante a ignóbil curiosidade de outro terráqueo que lhe perguntava para que queria aqueles bichos respondeu:
"Apanhei-os para os meter numa gaiola e depois eles cantam!..."
O terráqueo ainda perguntou: "a sério?"
A óbvia resposta foi: "Claro! Nunca ouviu falar no cantar do choco? É muito mais bonito que o do canário!"
Nesta altura um dos chocos, ainda vivo, emitiu um ronco.
"Está a ver?", disse ele, "já está a querer cantar!"
E o outro acreditou, perante aquela prova.

É verdade, a generalidade das pessoas é estúpida!

política(s); €uros; um conhecido hipermercado; um conhecido cantor e nós, que não fazemos revoluções!


A esmagadora maioria da população portuguesa não tem grande consideração pela classe política e já desistiu de esperar pelo dia em que os políticos honestos comecem a dar um “ar da sua graça”.
A esmagadora maioria da população portuguesa também já percebeu que não há grande coisa que possam realmente fazer:
  • Porque através do voto não conseguem solução (quer à esquerda que à direita – signifique isso o que significar hoje em dia) e, como diz a voz do povo, “são todos iguais”
  • Porque a única forma de mudarmos realmente alguma coisa teria de passar por uma guerra civil; por uma revolução ou qualquer tomada do poder pela força. E a verdade verdadinha é que não somos dessas coisas… O “povo” não é dessas coisas... Nós não fazemos revoluções!

A consequência disto é que é uma tristeza:
A consequência disto é que os políticos possam fazer o que bem entenderem com a costumeira impunidade que nos estamos a habituar a nem sequer contestar!

Vem isto a respeito da falta de respeito!
Vem isto a propósito da falta de respeito que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) demonstra por quem circula nas ruas da cidade.

Eu explico:
Um conhecido hipermercado decide dar um pouco mais ênfase à sua campanha publicitária mas, para o fazer, terá que solicitar à CML apoio para fechar uma das principais artérias da cidade. É que até já trataram de tudo com um conhecido cantor que o “povo” – o tal que não faz revoluções – parece adorar.


Num universo paralelo ao nosso, o presidente da CML mandaria passear os donos do tal hipermercado e mais o seu cantor-que-o-“povo”-adora, porque isso iria implicar um enorme transtorno para a população… Num universo paralelo ao nosso…
Como não estamos nesse universo paralelo ao nosso, neste caso, o tal hipermercado injeta um par de €uros na CML, e esta borrifa-se para os cidadãos (os que votam e os que não votam… afinal de contas eles não fazem revoluções) que perdem horas da sua vida num trânsito caótico porque… A tal artéria é fechada!!
Nem falo aqui dos condicionamentos nos transportes públicos da cidade... Nem falo!

E como somos daqueles que não fazem revoluções,
continuamos a reclamar;
continuamos a não acreditar nos políticos;
continuamos a ser prejudicados para que o mundo da política faça as suas negociatas;
buzinamos;
sopramos;
chamamos besta ao tipo do carro da frente, que não avançou aqueles dois metros que o distanciam do carro seguinte assim que o semáforo ficou verde;
reclamamos mais;
buzinamos mais;
sopramos mais;
chegamos a casa mais indispostos…
e…
no fim de semana vamos à ação de marketing daquele conhecido hipermercado que nos prejudicou ao longo da semana, assistir ao concerto do tal conhecido cantor!

Se não somos dos que fazem revoluções, devíamos ao menos ser dos que não metem os pés nestas ações de marketing que nos tramaram a semana!

civismo

Ao que parece, mais uma vez um jogo entre os "grandes" deu polémica! Porque não souberam perder, dirão uns. Porque eles teriam feito o mesmo, dirão outros...

No caso, o SLB, numa atitude de experiente desportivismo, tomou a decisão de apagar as luzes do estádio e ligar o sistema de rega quando o FCP festejava a conquista do campeonato.

A notícia pode ser lida em variadíssimos locais. Escolhi este onde nos é dito que este apagão colocou em causa a segurança das pessoas que estavam no estádio e mesmo a dos agentes da PSP que prestavam serviço no local (não é difícil perceber as razões pelas quais o trabalho da polícia fica dificultado). Claro que quem desligou a luz está a borrifar-se para a segurança das pessoas... Mas...

Com isto não quero dizer que os SLB's são maus e os outros são bons, nada disso!
Com isto quero dizer que é uma vergonha para um desporto (que já é apelidado como desporto de carroceiros) que as pessoas a ele associadas tenham este tipo de comportamentos. É vergonhosa a falta de civismo dos adeptos, que são umas bestas. É vergonhosa a falta de civismo dos dirigentes, que são... (qual é a palavra?) umas bestas!

Em Inglaterra, durante anos, o problema foi mais ou menos equivalente. Com a óbvia ressalva de que os nossos adeptos-besta ainda têm muito pão que comer até chegarem aos calcanhares dos hooligans ingleses. E, mesmo com hooligans-a-sério, os ingleses conseguiram resolver a questão!

É por isso que, na minha opinião, devia haver mão de ferro no tratamento destes parvalhões!
Sim, acho que o SLB deveria ser multado pelo comportamento pouco desportivo de quem apagou as luzes do estádio colocando em risco a segurança de quem lá estava dentro (mas a questão aqui não é o SLB, são todos os que fazem coisas semelhantes).
Sim, acho que os jogos em que há desacatos deveriam ser interrompidos e repetidos à porta fechada.
Sim, acho que as bancadas deveriam ser constantemente vigiadas (com recurso à alta definição e mais toda a panóplia tecnológica que exista) e todos aqueles que tivessem comportamentos ilícitos deveriam ser punidos e impedidos de voltar a entrar no estádio (durante x tempo, sempre que o clube jogasse teriam que se apresentar na esquadra da sua área residencial).
Sim, acho que a polícia deveria ser (ainda) mais interventiva com tipos que desfilam pelas ruas da cidade a ofender meio mundo com o asqueroso sentimento de impunidade de quem tem as costas quentes por estar inserido no resto da matilha.

Este tipo de medidas mudava o mundo? Não, claro que não! Mas faria com que aqueles que querem ir ao jogo de futebol porque gostam de futebol, o fizessem um pouco mais descontraidamente.


A notícia que deu origem a este desabafo:

"O subintendente Costa Ramos, responsável pelo dispositivo policial destacado para o jogo de futebol Benfica-FC Porto, criticou os dirigentes "encarnados" por no final "terem dado ordem para apagar as luzes e acionar o sistema de rega".
"Ao desligarem as luzes e ao ligarem a rega puseram em causa a segurança dos agentes da polícia em serviço no interior do estádio e isso não pode voltar a acontecer", disse Costa Ramos, que revelou ter manifestado aos responsáveis do Benfica o seu "desagrado" por aquela decisão, que podia ter tido "consequências lamentáveis". (...)
O responsável pela força policial revelou ainda terem sido detidos “11 adeptos `encarnados´”, seis dos quais por “terem arremessado pedras”, dois “por atitudes agressivas para com a polícia”, dois por “transportarem material pirotécnico” e um por “atirar com berlindes” para o banco do FC Porto, os quais “atingiram um agente policial”."


É ou não é triste??

inspirado

O projeto é denominado The Inituition, e parece que... é brilhante!...
Esta chama-se open your frozen heart and start living again

política-à-portuguesa

A política feita bem à portuguesa já não surpreende, mas continua a fazer sorrir...
Agora, com a perspectiva da possibilidade da entrada do FMI no que vai restando do império lusitano, urdem-se acusações sobre quem estará interessado no tal fundo e... Confesso que começo a ficar baralhado!
  
A discussão tem sido mais ou menos assim:
  
- Vocês é que querem o FMI!
- Não não, quem está a esfregar as mãos com a vinda do FMI são vocês.
- Não, quem quer o FMI são vocês.
- Não senhor, vocês é que querem o FMI...
...
  
Enquanto me sinto confuso, provavelmente por não entender assim tando de luta política, ou de economia (?) como isso, não consigo deixar de fazer um paralelismo com uma rábula dos Gato Fedorento:
  
- Jesus Cristo é o Senhor.
- Não não, Jesus Cristo é o senhor.
- Não, desculpe...
...

É ou não é divertida, a política no império lusitano?

mais vale tarde...

De acordo com o que noticia o Público, Bento XVI, num livro ainda por publicar, aceita a utilização do preservativo... Em certos casos...

Ainda que com modesta apreensão, penso que é motivo de alegria ver que a Igreja Católica está a (re)aproximar-se dos tempos em que estamos, no lugar de se manter orgulhosamente afastada, como tem vindo a ser seu apanágio nos últimos tempos.

A notícia é esta:


«Pela primeira vez, um Papa admitiu a utilização do preservativo “em certos casos”, desde que “para reduzir os riscos de contaminação do vírus da sida”. A declaração é de Bento XVI e, segundo a AFP, consta num livro a ser publicado na quarta-feira.

“Em certos casos, quando a intenção é reduzir o risco de contaminação, este pode mesmo ser um primeiro passo para abrir caminho a uma sexualidade mais humana, de outra forma vazia”, afirma Bento XVI.

 O livro, intitulado “A luz do mundo”, foi escrito por um jornalista alemão e aborda vários temas polémicos, como a pedofilia, o celibato dos padres, a ordenação das mulheres e a relação com o islão."»
 

pena, pena, pena...

O concerto de Allice Cooper no Campo Pequeno foi cancelado! 



E agora, como se anima o mês de Novembro???

anathema 02|11|2010

02 | 11 | 2010

No passado dia 2 os Anathema passaram por Portugal, para um esperado concerto no espaço-quase-íntimo que é o Teatro Tivoli.
Eu esperava um concerto centrado nos últimos albuns (tenho uma predilecção especial pelos "a natural disaster" e "we're here because we're here"), a maioria dos fans da banda esperava um concerto revivalista a apontar para os primeiros albuns...


O concerto começou e pensei "que treta de som"... E no mesmo instante, o senhor-que-manda-na-banda deu um par de instruções à mesa e tudo mudou. Aliás, o tipo não parou de dar instruções à mesa, a cada momento, a cada música!
Também foi interessantíssimo ver que havia dois estilos completamente diferentes em palco. Não fosse ver sempre o palco todo e poderiamos tapar alternadamente os lados do palco e teríamos a sensação de assistir a espectáculos diferentes.


Voltando ao alinhamento. Dizia eu que estava à espera dos três últimos albuns e... bem, a verdade é que eles começaram a satisfazer os fans-da-velha-guarda-gótica... By the way, a fauna era qualquer coisa...
A seguir, estava já eu a começar a pensar mal da minha vida, quando os senhores decidiram fazer-me a vontade. Não só foram ao "a natural disaster", como tocaram na íntegra o "we're here because we're here"!!

Foram 2 horas e meia de espectáculo. No final ficámos com a sensação que eles gostaram tanto como nós!
E conseguiram agradar a gregos e troianos...
Assim vale a pena!

só faltou esta: