para dedicar

Hoje liguei a tv e (inadvertidamente, entenda-se) fui parar à TVI... Lembrei-me logo dos velhinhos Titãs.
A versão não é a original, mas o vídeo é mesmo ideal para dedicar a esse grande e maravilhoso canal de tv...



A televisão
me deixou burro
muito burro demais
Agora todas coisas
que eu penso
me parecem iguais

O sorvete me deixou gripado
pelo resto da vida
E agora toda noite
quando deito
é boa noite, querida...

Oh Cride, fala prá mãe
que eu numca li num livro
que o espirro
fosse um vírus sem cura
Vê se me entende
pelo menos uma vez
criatura!

A mãe diz pra eu fazer
alguma coisa
mas eu não faço nada
A luz do sol me incomoda
então deixa
a cortina fechada

É que a televisão
me deixou burro
muito burro demais
E agora eu vivo
dentro dessa jaula
Junto dos animais

Oh Cride, fala prá mãe
que tudo o que a antena captar
o meu coração captura
Vê se me entende
pelo menos uma vez
criatura!
Oh Cride, fala prá mãe

...

sociabilidade insociável

"[...] a sociabilidade insociável dos homens, isto é, a sua tendência para entrar em sociedade; essa tendência, porém, está unida a uma resistência universal que, incessantemente, ameaça dissolver a sociedade. Esta disposição reside manifestamente na natureza humana. O homem tem uma inclinação para entrar em sociedade, porque em semelhante estado se sente mais como homem, isto é, sente o desenvolvimento das suas disposições naturais. Mas tem também uma grande propensão para se isolar, porque depara ao mesmo tempo em si com a propriedade insocial de querer dispor de tudo a seu gosto e, por conseguinte, espera resistência de todos os lados, tal como sabe por si mesmo que, da sua parte, sente inclinação para exercer a resistência contra os outros (...), os seus congéneres, que ele não pode suportar, mas dos quais também não pode prescindir."
Immanuel Kant, Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolita

Kant escreveu este texto em 1784, e surpreende-me, ao olhar em volta para a sociedade (da qual também sou sócio), o quanto esta idéia de sociabilidade insociável é actual e perfeitamente aplicável àquilo que se tem passado nos últimos dias.
De facto não nos suportamos, mas também não podemos prescindir uns dos outros! De facto queremos regras que se apliquem a todos, mas procuramos sempre uma excepçãozinha para nós! De facto temos um lado social, mas temos também uma tendência enorme para minar e destruir a sociedade.

Agora voltando aos desacatos da Bela Vista (juro que estava a tentar não voltar a este assunto), hoje soube que a câmara tem por receber milhares de euros de rendas daquelas habitações sociais que nunca foram pagas pelos moradores. Algumas rendas têm valores de 3€ (não, não me enganei, são 3€ mesmo)!!

Kant sabia mesmo do que falava!

bela vista

No ano em que dei aulas em Setúbal (2000/2001), estive no bairro da Bela Vista duas vezes. Na primeira vez andávamos perdidos (eu e o meu colega, um grande amigo…) e à procura daquela que seria a nossa casa para esse ano. Perdemo-nos e acabámos num bairro onde decidimos parar para pedir informações. Quando olhamos para o carro estacionado ao nosso lado, reparámos que estava carregado de pequenos buracos redondos. Balas! A seguir percebemos que à nossa volta havia uma série de olhares que nos fixavam sem medo. Saímos dali assim que possível, porque não nos sentíamos bem.

Ouvi muitas vezes falar no bairro da Bela Vista, do tráfico de drogas que lá havia, da quantidade de armas que por lá andavam, de como nós, novos na zona, não queríamos ter problemas com a malta lá do bairro…

Na semana que passou voltei a ouvir falar do bairro da Bela Vista e não foi pelas melhores razões, outra vez! Ao que parece a polícia (ou a bófia, ou como for) alvejou uma pobre criança que disparava contra eles… Depois começou a violência, contra a polícia… Como se estivéssemos de regresso àquele velho oeste do ‘olho por olho’…!

A seguir começaram a levantar-se as vozes de sempre: “ah, e tal que a exclusão social isto e aquilo”; “ah, que este tipo de problemas é de muito difícil solução”. No fim veio o argumento de que mais gostei, porque parvo: “ah, que a polícia não pode agir desta forma e disparar contra as crianças…”

Como??

“Ah, que a polícia não pode agir desta forma e disparar contra as crianças…”

Como??

Depois desta alarvidade mágica é inevitável imaginarmos a solução alternativa (apesar de, em termos lógicos, correr o risco de criar um raciocínio falacioso): ora se a polícia não pode responder quando lhes disparam, resta-lhes a hipótese de levar tiros destas…, “crianças” de arma em punho! Mas por outro lado, se assim é, para que raio serve a polícia? Para o tiro ao alvo desta malta?

Há já uns tempos que penso que as políticas sociais que temos vindo a seguir estão desajustadas, mas é mais do que certo que não é a incendiar os carros dos outros, nem a apedrejar os bombeiros, que trazemos justiça social ao país!

crise?? onde?

Diz o povo, na sua infinita sabedoria:
"quem parte e reparte,
e não fica com a melhor parte,
ou é burro, ou não tem arte"

Ah, o povo sabe tantas coisas...
Numa incursão pelo site do jormal i li uma notícia que me deixou meio-abananado. O título é: "Políticos portugueses recebem o maior aumento da última década" (!!). A princípio fiquei incrédulo, afinal andamos em crise e a apertar o cinto e tal... Mas depois fui ler a notícia e descobri que o nosso Primeiro Ministro (nem sei porque escrevo isto com maiúsculas) vai ser aumentado em 161€ por mês... De acordo com o mesmo jornal, "os aumentos dos pensionistas são mais limitados"... Humm
Leio isto e penso:
'Mas o Presidente da República não mete mão nisto?'
Mais abaixo descubro que o salário do PR aumenta em 140€ (antes ganhava só 7415€) e concluo: 'de facto, o PR mete mão nisto!'

Continuo a ler e eis que me surge esta:
"Os titulares de cargos públicos têm ainda direito a um abono mensal para despesas, cujo limite pode chegar a 40% do salário no caso do Presidente, primeiro-ministro e ministros, ou de 25% no caso dos deputados."

Crise?? Onde?

back on stage...

Depois de muitos terem escrito verdadeiros epitáfios relativamente a estes senhores e de a banda ter sido dada como irremediavelmente desaparecida (o último álbum nem teve direito a tour), eis que os Rammstein se preparam para lançar um novo álbum e prometem passar por Portugal!
Será no próximo dia 8 de Novembro no pavilhão Atlântico. Lá estaremos, outra vez!

Aqui fica um cheirinho...

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críticos contrafactuais

O pensamento contrafactual pode caracterizar-se como uma situação em que:
"as pessoas elaboram simulações mentais de situações passadas, nas quais as coisas ocorrem de uma forma diferente daquilo que aconteceu na realidade. A alteração mental de resultados passados, presente nestes pensamentos, é uma reacção cognitiva a acontecimentos negativos ou a acontecimentos que não confirmam as expectativas."

Traduzindo: trata-se de uma forma de pensar em que procuramos adaptar o que acontece àquilo que pensamos (em vez de adaptar o nosso pensamento à realidade).
Ao ler as críticas que determinados semi-deuses rabiscam nos jornais, nos blogues, enfim, onde quer que lhes dão espaço para parirem os resultados da sua bílis (porque para algum lado tem de cuspir fel), não consigo evitar a recordação do conceito de contrafactual.

Por exemplo, se uma banda lança para o mercado um novo álbum, as críticas seguem, tradicionalmente um de dois caminhos: (1) A banda não inova e mantém-se agarrada ao passado e o novo álbum é apenas mais do mesmo; (2) A banda perdeu a sua identidade e cedeu ao mercado MTV (são uns vendidos).
E RARAMENTE há lugar para o: mantiveram a sua identidade, fizeram um bom álbum apesar de não ser uma revolução no mundo da música.

É que anda a fartar-me esta malta que exige que cada banda se reinvente de álbum para álbum, e, quando isso acontece, dizem que estão a ceder ao mercado e à pressão das vendas e blá, blá, blá... Como se na verdade quisessem que a realidade se adaptasse à sua forma de pensar (por isso falam como quem diz verdades universais), mas isso não revelasse mais do que um medo de errar caso se comprometessem com uma crítica um pouco mais... positiva! 

Não só andam de olhos e ouvidos tapados, como insistem em procurar fazer com que o mesmo aconteça connosco!

ilusões & desilusões

Já ouvi o Amália Hoje, e confesso-me desiludido… A expectativa era alta, e quando assim é…
Esperava uma coisa noutra ordem, e afinal é apenas um álbum de The Gift, o que não é mau, mas sabe a pouco, para o que parecia prometer!


Por outro lado os Depeche Mode acabaram de lançar um novo álbum, chama-se sounds of the universe… Ainda estou a dissecar a coisa, de qualquer modo estes senhores não têm sabido desiludir, se bem que neste ponto tenho alguma dificuldade em fazer análises imparciais! Gosto!