política(s); €uros; um conhecido hipermercado; um conhecido cantor e nós, que não fazemos revoluções!


A esmagadora maioria da população portuguesa não tem grande consideração pela classe política e já desistiu de esperar pelo dia em que os políticos honestos comecem a dar um “ar da sua graça”.
A esmagadora maioria da população portuguesa também já percebeu que não há grande coisa que possam realmente fazer:
  • Porque através do voto não conseguem solução (quer à esquerda que à direita – signifique isso o que significar hoje em dia) e, como diz a voz do povo, “são todos iguais”
  • Porque a única forma de mudarmos realmente alguma coisa teria de passar por uma guerra civil; por uma revolução ou qualquer tomada do poder pela força. E a verdade verdadinha é que não somos dessas coisas… O “povo” não é dessas coisas... Nós não fazemos revoluções!

A consequência disto é que é uma tristeza:
A consequência disto é que os políticos possam fazer o que bem entenderem com a costumeira impunidade que nos estamos a habituar a nem sequer contestar!

Vem isto a respeito da falta de respeito!
Vem isto a propósito da falta de respeito que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) demonstra por quem circula nas ruas da cidade.

Eu explico:
Um conhecido hipermercado decide dar um pouco mais ênfase à sua campanha publicitária mas, para o fazer, terá que solicitar à CML apoio para fechar uma das principais artérias da cidade. É que até já trataram de tudo com um conhecido cantor que o “povo” – o tal que não faz revoluções – parece adorar.


Num universo paralelo ao nosso, o presidente da CML mandaria passear os donos do tal hipermercado e mais o seu cantor-que-o-“povo”-adora, porque isso iria implicar um enorme transtorno para a população… Num universo paralelo ao nosso…
Como não estamos nesse universo paralelo ao nosso, neste caso, o tal hipermercado injeta um par de €uros na CML, e esta borrifa-se para os cidadãos (os que votam e os que não votam… afinal de contas eles não fazem revoluções) que perdem horas da sua vida num trânsito caótico porque… A tal artéria é fechada!!
Nem falo aqui dos condicionamentos nos transportes públicos da cidade... Nem falo!

E como somos daqueles que não fazem revoluções,
continuamos a reclamar;
continuamos a não acreditar nos políticos;
continuamos a ser prejudicados para que o mundo da política faça as suas negociatas;
buzinamos;
sopramos;
chamamos besta ao tipo do carro da frente, que não avançou aqueles dois metros que o distanciam do carro seguinte assim que o semáforo ficou verde;
reclamamos mais;
buzinamos mais;
sopramos mais;
chegamos a casa mais indispostos…
e…
no fim de semana vamos à ação de marketing daquele conhecido hipermercado que nos prejudicou ao longo da semana, assistir ao concerto do tal conhecido cantor!

Se não somos dos que fazem revoluções, devíamos ao menos ser dos que não metem os pés nestas ações de marketing que nos tramaram a semana!