homenagem a Carlos Avilez

Esta noite assisti a algo especial. Os alunos da Escola Profissional de Teatro de Cascais decidiram homenagear o seu mestre, aquele que em 1992 fundou a escola e um nome incontornável no universo do teatro: Carlos Avilez. O mote para uma homenagem-mais-que-merecida foram os 60 anos de carreira, acompanhados pela comemoração dos 50 anos do Teatro Experimental de Cascais. 

Ouvi um dia alguém dizer que se amarmos o que fazemos, as coisas sairão bem… Rapidamente percebi que isso não é verdade. Amar não chega! Saber o que fazemos é igualmente importante e sem competência o amor acaba por não trazer os frutos que queríamos… Pois bem, Carlos Avilez está longe de ser uma “pessoa qualquer”. Carlos Avilez alia amor e competência como poucos! 

Dotado de um enorme e incontestável talento, o "professor" Carlos tem vindo a dirigir atores de uma forma exemplar. Tem encenado peças fabulosas e, principalmente, tem feito ao mundo o favor de partilhar a sua arte com várias gerações de atrizes e atores que com ele têm a sorte de poder aprender. Sim, o favor. Ele faz-nos esse favor, nós agradecemos! Pela minha parte, que considero que o aplauso é uma forma de o público dizer “obrigado” pelos momentos que lhe foram proporcionados, agradeço!

Não sou ator. Sou júnior neste universo. Mas no (ainda) pouco tempo que passei perto desta figura ímpar que é o Carlos Avilez, há coisas que me têm saltado à vista: a sua competência e extraordinário conhecimento do palco, e o seu amor pela encenação e formação de novos atores.

Esta noite disseram que o Carlos Avilez tem o dom de conseguir trazer luz ao que cada ator tem de melhor, sempre respeitando o seu espaço de criação artística. Se este não é o melhor elogio que um professor pode receber, não sei qual será! Ser capaz de contribuir para a realização do potencial de cada aluno, resistindo à tentação de o formatar ou restringir a sua liberdade criativa, é (ou devia ser) a razão de ser da profissão de professor. 

Esta noite disseram que o Carlos Avilez deixa em cada (futuro) ator, ou (futuro) encenador, ou (futuro) quem-quer-que-seja-que-trabalhe-consigo, uma marca indelével que inevitavelmente faz deles melhores seres humanos.

Esta noite disseram que o Carlos Avilez entregou ao teatro uma paixão extraordinária que lhe permitiu, como só os bons conseguem, manter viva a vontade de aprender ensinando e ensinar aprendendo. Sem sobrancerias e com a humildade característica do sábio, que insiste em continuar a sua travessia no mar do conhecimento sem se deixar afetar pelo medo de arregaçar as mangas e remar. 

Esta noite disseram, os alunos e o próprio Carlos disseram, que Carlos Avilez teve o privilégio de aprender o melhor com os melhores. E disseram ainda, os alunos disseram (e mostraram), que sentiam na pele a importância e o privilégio de trabalhar e ser ensinados por um dos melhores.

Esta noite disseram muitas coisas.

E o melhor de tudo
é que o que disseram é verdade!

Muitos parabéns Carlos Avilez! Muito obrigado Carlos Avilez!

ah e tal, que odeio o Halloween

Há uma série de gente que odeia o Halloween porque se trata de uma tradição importada. Eu não.

Sinceramente não vejo mal nas tradições importadas. Sempre fomos campeões a importar. Copiamos, perdão, importamos músicas, importamos modelos de programas de tv, importamos séries e novelas, importamos bandas musicais… Até tentamos importar modelos educativos (aparentemente aqui não temos tido muito sucesso)!

Também importámos o carnaval-com-samba; importámos o Pai Natal, importámos os ovos da páscoa (a cena de haver um coelho que põe ovos sempre me soou a sado-maso ou assim…), Enfim, importámos!

Há uns dias li numa rede social qualquer que o Halloween tem tanto de tradição em Portugal como o cozido à portuguesa acompanhado de tinto alentejano tem nos EUA. Sim, é verdade, os americanos ainda não descobriram o cozido nem a feijoada à transmontana, mas é bom que quem diz isto nunca tenha mamado um Big Mac com Flurry de M&M’s à sobremesa!

Deixemo-nos de tretas. Somos um país de imitadores. A generalidade dos programas que vemos na TV são comprados a outras estações. O Shakespeare deve estar fartinho de dar triplos-mortais-encarpados-à-retaguarda na tumba, de cada vez que uma novela portuguesa (re)cria mais uma vez a história dos dois jovens apaixonados oriundos de famílias rivais!

Agora o Halloween é que paga?

Atenção, eu também acho esta cena da mania-que-somos-todos-mortos-vivos, bruxas e vampiros uma parvoíce pegada. Isso e estragar abóboras-que-davam-uma-bela-compota… Mas eu não odeio o Halloween por ser uma festa pagã importada. Estou-me nas tintas para isso!

Eu odeio o Halloween porque o Halloween é parvo. Assim como o Carnaval (com ou sem samba) é parvo – exceção feita à cena dos cabeçudos de Torres Vedras, porque é um dos meus sonhos de criança usar uma coisa daquelas – e assim como a ideia de haver um coelho que põe ovos na páscoa é parva. São coisas parvas, porque são coisas parvas (belo argumento)!

O argumento não é bom, mas desde quando é preciso um bom argumento para dizer que é parvo andarmos todos armados em vampiros, mortos-vivos, bruxas, matrafonas, moças-que-sambam-com-chuva, ou pessoas-que-comem-ovos-de-chocolate-postos-por-coelhos? Isso é parvo. Ponto.

futurologia(s)

PPC foi indigitado primeiro-ministro, apesar de toda a celeuma e dos “partidos-à-esquerda” andarem a falar (ou a tratar) de “acordos de governação”.
Agora há quem diga que a indigitação de PPC não passa de uma perda de tempo porque o governo não passará o crivo do parlamento, já que a oposição repudiará em massa o que vier da PàF.
Assim de repente, lembro-me de um orçamento que ficou conhecido como o “orçamento do queijo limiano”, aprovado por uma minoria parlamentar e mais um, o deputado Daniel Campelo, que trocou o seu voto pela promessa de alguns benefícios para a região de Ponte de Lima. Parece-me agora bem plausível que o mesmo venha a acontecer e que o governo da PàF siga em frente e continue a fazê-lo ao longo da legislatura, negociando votos aqui e ali e conseguindo aprovações de queijo em queijo... 

Infelizmente, nos dias que correm já é difícil não acreditar que há políticos que se vendem ou eu vendem os seus votos troca por um qualquer benefício! 
É que nisto da política, como no futebol, a fruta e os almoços têm uma grande tendência para ser “quem mais ordena”…