(1) new age

O meu irmão Pete não se cansa de referir as maravilhas do yoga. Fala de como aquilo o deixa num estado de maravilhosa tranquilidade e lhe traz um sem-número de benefícios físicos e mentais. O meu irmão Pete não faz a mínima. O meu irmão Pete diz que o yoga melhora a coordenação motora; aumenta a atenção ao ambiente em nosso redor; normaliza a pressão sanguínea; melhora a eficiência respiratória; o sono melhora; a boa disposição aumenta… O meu irmão Pete nem tem ideia.
Sempre achei que estas tretas new age não passam de um monte de balelas que funcionam apenas por auto-sugestão. A pessoa convence-se de que sente todas aquelas coisas e acaba por receber o seu efeito prático. Mais ou menos o mesmo que ser hipocondríaco-ao-contrário; os hipocondríacos acreditam tanto que estão doentes que os sintomas acabam por se verificar, e a malta da new age acredita que aquilo é tããão saudável que até sente na pele os benefícios.
Sempre achei isto.
Agora já não acho. Agora acho que a cena new age existe para cada um de nós. Simplesmente não podemos generalizar a todos o new age de alguns. Por exemplo, para mim o que funciona não é ouvir o canto das orcas no fundo do oceano, nem o yoga (aquilo enerva-me como o caneco), nem a porra do incenso que deixa a casa a cheirar a Martim Moniz…
Ontem à noite senti tudo o que o meu irmão refere: a coordenação motora a melhorar; a minha atenção em relação a tudo à minha volta (reparei em coisas que nunca tinha visto); a minha respiração nunca esteve tão afinada; fiquei extremamente bem disposto…
Quando
arranquei o coração à miúda que raptei na semana passada.
Depois de ter o coração dela a bater na minha mão… depois disso, finalmente dormi como um anjo. Mas o meu irmão Pete não faz a mínima.

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