compaixão

Seguia Buda, um dia, o seu caminho,
Sob os raios de sol que o penetravam,
Quando avistou, deitado, um cão velhinho,
Com chagas, onde os vermes pupulavam.

E, com amor e fraternal carinho,
Limpou-lhe as chagas podres, que cheiravam
Tão mal! – livrando assim o pobrezinho,
Mendigo cão das dores que o matavam.

Mas, preocupado, continuou andando…
E lembrou-se dos vermes, que, ficando
Sem nenhum alimento, iam morrer.

E voltou junto deles; e um pedaço
De carne, ali, cortara do seu braço
E, abençoando-os, deu-lhes de comer.
Teixeira de Pascoaes, As Sombras


Apesar de provir do imaginário de Pascoaes, é um excerto demonstrativo daquela compaixão budista em que o sacrifício pessoal é considerado inferior à mais infima forma de vida, que nós, os civilizados do mundo novo, tendemos a considerar insignificante.

Era porreiro que nos contagiasse um pouco, esta compaixão...

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