O P.R. e o elixir da eterna juventude

Ontem o senhor P.R. falou.
O senhor P.R. falou e o país parou para o ouvir, como se ainda houvesse uma vaga esperança de que alguma coisa fosse mudar… Confesso que também parei, apesar de saber que nada ia mudar, parei para ouvir e ver o senhor P.R. dizer, com pompa e circunstância…
Nada!

Pois é, o que o senhor P.R. disse foi basicamente um grande saco cheio de nada rematado com um não vou abdicar dos meus direitos! Pois, novidade das novidades, eu também não vou abdicar dos meus direitos. Aliás, acho que qualquer cidadão poderia dizer o mesmo, com mais ou menos significado político.
Dir-me-ão que o “não abdicar dos seus direitos” é um recado, como se o senhor P.R. estivesse a dizer que vai estar atento… Pois, mas supostamente ele tem de estar atento. Sempre! Por isso foi eleito! Responder-me-ão que este “não abdicar dos seus direitos” significa mais ou menos o mesmo que quando o árbitro de futebol diz a um jogador “mais uma e vais prá rua” (como se as regras do futebol permitissem dar um certo número de pantufadas antes de ser castigado)…

Pois, por mim não me importava que um polícia, que me apanhasse a cometer uma qualquer infração, me dissesse “mais uma e és multado”. Ou que me deixassem não pagar a conta da luz durante uns meses e depois me dissessem, “mais um mês e cortamos-te a luz”… Mas adiante, que não estamos aqui para invejar o tratamento dado aos outros senhores.
Voltando ao discurso do senhor P.R. (como se tivesse deixado de falar dele), não consegui evitar que me viesse à memória, durante o discurso ao país, o seguinte excerto:
“o elixir da eterna juventude
Esse que quer que tudo mude
Pra que tudo fique igual”
A música é de Sérgio Godinho e continua, mas achei melhor não reproduzir o resto aqui... Embora não seja um fã de Sérgio Godinho (gosto mas não sou daqueles que arranca os cabelos à sua passagem), desde que vi e ouvi o discurso do senhor P.R. na televisão, o Elixir da Eterna Juventude não me sai da cabeça… É que dá mesmo a sensação que nas últimas semanas tudo mudou, para tudo ficar igual
Agora apetece citar o resto da música e referir estado da nossa democracia:
“estava marado,
Falsificado,
É desleal”.

E atenção que não quero com isto dizer que gostava que viesse aí uma mudança de governo (sinceramente, acho que ainda me sentiria menos seguro), ou que o senhor P.R. dissesse algo como “rebenta a bolha”… Só não era preciso andarmos aqui para trás e para diante a brincar aos políticos-muito-convictos (ou ao eu-estou-mais-preocupado-com-o-país-do-que-tu) quando já sabemos que o resultado vai ser…
Nada!

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